30 de dez. de 2011

Acontece

Bateram à minha porta em 6 de agosto,
aí não havia ninguém e ninguém entrou,
sentou-se numa cadeira e transcorreu
comigo, ninguém.

Nunca me esquecerei daquela ausência
que entrava como Pedro por sua causa
e me satisfazia com o não ser, com um
vazio aberto a tudo.

Ninguém me interrogou sem dizer nada
e contestei sem ver e sem falar.

Que entrevista espaçosa e especial!

(Últimos Poemas)
pablo Neruda

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